segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Não é justo, chegou agora e foi promovido!





O sentimento de inveja só existe porque existe a comparação. Aprendemos a comparar, a adjectivar, a votar, a medir, a escolher ao longo do nosso percurso de desenvolvimento pessoal e profissional.
Ensinam-nos na escola, desde cedo que ter inveja é feio, e o que nos transferem os professores quando comparam a partir de uma atitude de julgamento ao invés de aprendizagem?
Existem porém excelentes professores que já perceberam bem cedo, nas suas carreiras que a educação não pode funcionar apenas como um grande sistema de selecção empresarial. Se o foco da educação for estreito ao ponto ter boas notas, passar nos exames, conseguir títulos e bons empregos, então esta educação é uma distorção do que deveria ser.
A escola é uma ínfima parte do nosso mundo de aprendizagem. Os educadores são todas as pessoas que estão à volta de uma criança, de um jovem adolescente, de um adulto.
Se tudo começar bem quando somos crianças, não teremos tanto gasto de energia em vão. O mundo da adultez está cheio de energívoros no conetxto organizacional ( e não só…).
É importante que os educadores sejam capazes de conduzir as crianças ao desenvolvimento do seu eu, respeitando e aceitando as suas características pessoais. Assim formamos adultos mais benévolos, solidários, mais autónomos e confiantes. A criança que é preparada, para funcionar num sistema alienante, sem desenvolver potencialidades intelectuais, amorosas, naturais e espontâneas, torna-se um adulto que está em permanente comparação estéril.
Se nos comparamos com o outro que é igual a nós, chamamos concorrência.
Se nos comparamos com o outro e somos melhores, chamamos orgulho.
Se nos comparamos e somos pior, chamamos inveja.
“ Porque é que o outro é tão importante que consegue tudo do Chefe”
“Porque é que o outro acabou de chegar e foi promovido” Não é justo.
Quando somos crianças achamos que os adultos conseguem fazer coisas que nós não conseguimos ou podemos.
Quando somos mais velhos, os jovens parecem-nos tão bonitos, cheios de energia.
Ficamos agarrados a um sentimento de dor ou melhor de sofrimento. A dor é física, o sofrimento é emocional.
Estudos da neurociência revelam que a “dor social” e a dor física podem causar no ser-humano sentimentos e reacções muito análogas.
Ficamos com a vontade de acabar com a felicidade do outro? De forma inconsciente, sim.
A mente vive em desconforto. Temos inabilidade para lidar com a prosperidade/felicidade do outro.
Queremos a felicidade para nós. Se fizermos a relação com a abordagem de comunicação não violenta, estamos perante reacções que demonstram necessidades não atendidas. A comparação vivida neste extremo, traz ao mesmo tempo o sentimento de perigo e vitimização.
O medo que o outro pode ser melhor e a auto-piedade torna-se tão sedutora… Os outros olham para nós. Continuamos a alimentar a baixa auto-estima.
Escavamos um buraco e colocamos uma tampa no buraco de modo a não conseguirmos sair. Continuando a dizer… não é justo!
Para que destino nos levam estes pensamentos? Temos que sofrer para aprender. Não!
A dor física pode demorar a transformar-se em conforto, a dor emocional pode demorar o tempo que escolher.
É importante em primeiro lugar admitir que estes pensamentos existem. Tomar consciência da nossa atitude perante o que vemos. Não é o que vemos, é a forma como queremos (escolhemos) ver.
É importante trabalhar a auto-aceitação.
“Eu sou quem sou. Eu tenho qualidades e oportunidades.”
“Posso melhorar, a partir do presente que reconheço e aceito. Não devo rejeitar o que tenho.”
Crie as condições para melhorar a sua vida. Não espere.
Se a vida de quem inveja piorar, de que forma melhora a sua?
Ou apenas melhora a sua forma de sentir. Sente-se melhor com o mal do outro?
É importante treinar a gratidão de ser e ter.
Se for o melhor com quem pode aprender mais?
Treine a alegria de saber que existem tantas pessoas que o/a podem ajudar a progredir.
O benefício de se aceitar é libertar-se da pressão de ser sempre o melhor. Viver com a ansiedade de ser sempre o melhor tira-nos a liberdade para viver e apreciar.
Porque é que escolhe ficar zangado, se os outros souberam encontrar a felicidade?
Treine a sua mente. Encontre a sua forma de estar bem consigo. Eu tenho a certeza que prefere viver em felicidade com a liberdade de ser quem é.
Usar a comparação de forma positiva? Sim. Se tiver de se comparar, compara-se consigo.
Cristina Madeira,
Hotel Coach – Executive & Team Coach